terça-feira, 7 de junho de 2011

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Bends do Vaughan



Assisti o DVD "Steve Ray Vaughan live at Mocambo" hoje 11/13/10 e fui impactado por uma das apresentações mais vicerais e incríveis desse Mago das seis cordas.
Steve Ray Vaughan é incansável neste show, de modo que não há praticamente um intervalo sequer, entre uma música e outra.

A minha "audiovisualização" nessa tarde de hoje (que na verdade foram duas, uma antes de ir para a faculdade, que foram umas 5 músicas apenas, e outra agora à noite literalmente eu assisti de pé, do início ao fim, sem perceber). Parece uma divinização ou um exagero, mas quanto a ficar de pé, eu sou assim mesmo, leio revistas de trás para frente, fico improvisando melodias na guitarra só por improvisar. Eu decidi escrever sobre este DVD motivado pelos impulsos "escreventes" adquiridos nas aulas de crítica cinematográfica, no curso de Multimeios PUC-SP.

Começando pela qualidade do áudio, que é muito boa, apesar de o lugar ser pequeno e privilegiar os graves, além do fato de que Vaughan desse o braço sem dó na guitarra "descomposturadamente". Nota 10 para o áudio, que é muito nítido em todos os aspectos. O timbre de sua Strato é forte e cremoso, com uma pitada leve e seca de drive na SRV e na Fender vermelha de escala branca um clean de singles meio slepados...que são bálsamo nas baladas.

Eu ganhei esse DVD como presente de um grande amigo, o Ranulfo, e o comentário que ele me fez foi: "dizem que esse é o melhor show gravado dele", com certeza ele, pelo menos, não exagerou. Vaughan, simplesmente destrói uma Fender Strato, mas o ponto alto são todos os bends e fraseados de "penta" perfeitos de Vaughan neste show, inclusive os que o Guitar Hero toca com a guitarra nas costas e no ombro que se apenas ouvidos são impecáveis. Vale citar o fato de que Vaughan usa uma ação (grossura da corda) pesadíssima. Live at Mocambo é um daqueles shows que inspiram novos músicos e são referência para os já iniciados. Um grande espetáculo de Blues.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

PENSANDO EM RITMO

Ritmo é direção. O ritmo diz: "Eu estou aqui e quero ir para lá".
Originalmente, "ritmo" e "rio" estavam etimologicamente relacionados, sugerindo mais o movimento de um trecho  do que sua divisão em articulações.
"Ritmo é forma moldada no tempo como o desenho é espaço determinado" (Ezra Pound)
Rapidamente, falando sobre isso, gostaria de deixar registrado que é sempre um crescimento para nós quando além de aprender, vivenciando a presença de outras pessoas que sempre nos oferecem novas perspectivas com suas experiências, começamos a desconstruir um castelo de idéias a muito tempo consolidadas dentro de nós.
Pensando nesta propriedade, é muito claro o quanto somos aprisionados pelo conceito ocidental de ritmo.
Pensando no nosso "aprendizado de cada dia", como instrumentistas, como é difícil apreender o espírito (entenda-se vocabulário ritmico) do samba, do jazz, e outros estilos populares cujo ritmo é uma assinatura, posto que não nascemos nem no morro, nem em new orleans todo dia. 
Pode haver ritmos regulares e ritmos nervosos, irregulares. O fato de serem ou não regulares nada tem haver com sua beleza.
Um ritmo regular sugere divisões cronológicas do tempo real - tempo do relógio (tique-taque). Este vive uma existência mecânica.
Um ritmo irregular espicha ou comprime o tempo real, dando-nos o que podemos chamar de tempo virtual ou psicológico.
Nós não temos muita polirritmia na música ocidental, porque somos facinados pelo tique-taque do relógio mecânico. É possível que as sociedades que manifestam maior aptidão rítmica (africanos, árabes, asiáticos) sejam precisamente aquelas que tem estado fora do toque do relógio mecânico.

quarta-feira, 30 de junho de 2010

TENTANDO DISCERNIR UM POUCO

Todas as pessoas tem um tipo de música favorito e provavelmente repudiam violentamente os outros; não quero dizer músicas individuais, mas categorias de música - como música de câmara, rock ou jazz. Fiz um teste com um grupo de amigos (da Vila Clementino) em uma atividade em grupo. A reflexão foi extraída do livro: "O ouvido pensante" Murray Schafer.


Pedi que enumerassem seus tipos de música preferidos e os não preferidos enquanto eu os escrevia. Rotulei-os como "aceitos" e "não aceitos".

A seguir transcrevo trecho do livro para apreciação e reflexão:

As respostas são dadas e copiadas. Depois de alguns momentos o quadro fica assim:

MÚSICA ACEITA NÃO ACEITA

Jazz Música Folclórica

Música Popular Ópera

Música de Câmara Jazz

Ópera Música Moderna e

Música Country e do Oeste Eletrônica

Música de Banda Música Sinfônica

Musicais Música Country e do

Peças favoritas de Música Oeste



SCHAFER:— Vejo um bom número de categorias em ambas as colunas. O que vocês acham que indica?





ALUNO: — Mostra que as pessoas tem gostos musicais diferentes.



SCHAFER: — Você acha que isso é bom ou mal?



ALUNO: — Eu acho que é bom, porque mostra que há muitas personalidades diferentes e um tipo especial de músicas para cada uma.



SCHAFER: — Você quer dizer que as pessoas gostam apenas do tipo de música que reflete sua própria personalidade? Você gosta só de um gênero?



ALUNO: — Eu gosto de Country e do Oeste.



SCHAFER: — Só?



ALUNO: — Também de música de banda.



SCHAFER: — para toda a classe. Quantos de vocês gostam apenas de um gênero de música da nossa lista? Mãos? Ninguém se manifesta. Mais de um? Todas as mãos são levantadas, agora, deixem-me fazer uma comparação por um momento.



Quantas religiões temos representadas aqui nesta classe?



Descobre-se que há um número de alunos de várias seitas protestantes e outros de religião judaica. Deixem-me perguntar: quantos de vocês pertencem a mais do que um desses grupos mencionados? Ninguém levanta a mão. Cada um escolhe somente uma religião. Todavia, ninguém de vocês restringe seu interesse musical a um gênero apenas. É claro, então, que você pode gostar de mais de um gênero musical, sem ter uma crise de consciência por isso. Essa é uma distinção muito importante entre o julgamento de uma manifestação artística e de outro tipo de atividade intelectual. Com a religião — e o mesmo é verdadeiro para política ou filosofia —, você aceita um sistema que lhe parece o mais razoável, porém, fazendo isso, automaticamente nega todos os outros. Não é possível alguém ser comunista e capitalista ao mesmo tempo, assim como ninguém é judeu e mulçumano. Mas a apreciação artística não é assim; ela é um processo acumulativo; você descobre novos pontos de interesse, porém isso não quer dizer que precise negar o que gostava antes.



Alguém pode confirmar esta observação pela experiência pessoal?

NOVAS DESCOBERTAS

Certos gêneros de música parecem ser representativos de certas classes de pessoas; mas isso é uma generalização extrema.


Música é uma arte abstrata, porém temos uma tendência para associar certas manifestações artísticas a certas pessoas ou grupos de pessoas, e isso, sem dúvida, afeta a nossa apreciação. A pergunta que cabe seria: Seria possível dissociar a música dos seres humanos e apreciá-la assepticamente em sua forma pura?

Talvez possa não ser inteiramente possível.

No entanto, as vezes é necessário experimentar e ver por esse lado os nossos gostos musicais e desenvolvê-los para mudá-los. Em outras palavras, deixar a música falar por si mesma, não por associações. Música não é propriedade privada de certas pessoas ou grupos. Potencialmente, todas as músicas foram escritas para todas as pessoas.

Então, uma orientação sábia, na minha opinião seria: seja curioso em relação à música. Não se contente em ficar só nas suas preferências musicais, pois, como foi dito pouco antes, ninguém estará traindoseu velhos hábitos pela aquisição de novos. Este horizonte pode seguir se expandindo; em toda a sua vida haverá coisas novas a descobrir.

Certamente não se está dizendo que se deve gostar de tudo o que se ouve ou o que se vê. Somete um tolo faria isso. Estou dizendo que quem quiser descobrir música interessante terá que procurar e achar.

É a mesma coisa que ir a biblioteca. Você pode examinar vinte livros antes de achar aquele que quer ler, mas, se não tivesse passado por todos aqueles, não chegaria ao que procurava. E o mais estranho, é que o livro escolhido este ano não vai ser necessariamente o mesmo que iremos escolher no próximo. O tempo realmente nos força a adquirir novos gostos. Não vamos ler só quadrinhos a vida toda.

O que vcs acham de uma pessoa que lê quadrinhos aos 40 anos?

Alguém diria que é um caso de desenvolvimento retardado...rs

Alguém que segue a vida inteira só gostando de um gênero de música, sem desenvolver novos interesses, também é um caso de retardamento.

(Para os meus amigos da Vila Clementino, a frase que eu não conseguia me lembrar): Uma vez, alguém disse que as duas coisas mais importantes para desenvolver o gosto são: sensibilidade e inteligência. A curiosidade e a coragem são conceitos mais verdadeiros. Curiosodade para procurar o novo e o escondido, coragem para desenvolver seus próprios gostos sem considerar o que os outros podem pensar ou dizer. Quem se arrisca a ser ridicularizado pelos seus gostos individuais em música (e isso vai acontecer) demonstra coragem.

Em uma sociedade caminhando para o convencional e uniforme, é realmente corajoso descobrir que você é um indivíduo com uma mente e gostos individuais em arte. Ouvir música cuidadosamente vai ajudá-lo a descobrir como você é único.